Avaliação diagnóstica de Português 3ºano PDF com gabarito explicativo

GABARITO EXPLICATIVO
(PDF com avaliação, no final)

Q1: Letra C.
Comentário:
A questão explora a apropriação das convenções do sistema alfabético pelo aluno, especificamente o reconhecimento da palavra como unidade gráfica. O objetivo é avaliar a capacidade de compreender a função do espaço em branco na delimitação de palavras e mobilizar essa função para identificar as palavras em um pequeno texto. Convém notar que as palavras que compõem o texto são de natureza e estruturas diferentes (nome, verbo, pronome, preposição, artigo): “Fui (1) à (2) feira (3) encontrei (4) uma (5) coruja (6) pisei (7) no (8) rabo (9) dela (10) ela (11) me (12) chamou (13) de (14) cara (15) suja”. Trata-se, portanto, de uma questão que aponta para o nível de consciência das palavras do aluno. É provável que haja dificuldade com a segmentação das palavras gramaticais como preposições “à”, “no”, já que as atividades do livro não exploram esse tema de forma explícita. Se isso acontecer, retome a noção de palavra como o símbolo que representa alguma coisa (assunto muito estudado no 1o ano) e amplie, aos poucos, a noção de que a palavra serve para representar alguma coisa na forma escrita e serve também para ligar uma palavra com outra para construir uma sequência maior que tem sentido ou representa algo: o caso da contração “à” em “fui à feira”, por exemplo. O “à” não representa nada, serve para ligar “fui” (o verbo) e “feira” (o nome), e construir uma ideia mais complexa.

Q2: Letra D.
Comentário:
A questão explora a habilidade de reconhecimento de convenções do sistema de escrita, especificamente a direção e o alinhamento das letras. A direção que caracteriza o nosso sistema de escrita é a da esquerda para a direita. Pode parecer contraditório o fato de a resposta correta da questão ser a direção de baixo para cima. No entanto, trata-se de um recurso para avaliar a habilidade de reconhecer a direção e o alinhamento das letras de uma forma geral, ou seja, a condição segundo a qual, para que as letras formem uma palavra, elas precisam seguir uma única direção. Há, aliás, gêneros como as palavras cruzadas que exploram isso. O mais importante da questão, portanto, é explorar a noção de direção e alinhamento das unidades básicas do sistema de escrita (letra e palavra). A direção e o alinhamento das letras são condições para a formação de uma palavra, assim como a direção e o alinhamento das palavras são condições para a formação da frase.  A questão pode avaliar também a capacidade do aluno de reconhecer direção (esquerda para a direita – cima para baixo), que é uma habilidade fundamental para a aprendizagem da escrita. Os resultados podem auxiliá-lo a perceber se a dificuldade da criança não é exatamente o reconhecimento da direção da letra, mas a própria noção de direção. Nesse caso, cabe realizar atividades de intervenção para ajudar na compreensão de direção (baixo, cima, esquerda, direita).

Q3: Letra D.
Comentário: O objetivo da questão é avaliar a capacidade de reconhecer o local de inserção de determinada palavra em uma sequência de acordo com o princípio da ordem alfabética. Convém notar que a questão apresenta maior grau de dificuldade, pois o aluno precisa mobilizar a letra que se encontra em diferentes posições na palavra para estabelecer a ordem alfabética correta. Em todos os descritores, as palavras começam com a mesma letra. Assim, é preciso ir até à terceira letra (“Antônio” e “André”, por exemplo) ou até à última letra (“Célio” e “Célia”, “Bruno” e “Bruna”, por exemplo), para reconhecer a ordem alfabética correta. 

Observação: Lembramos que o reconhecimento em si da ordem alfabética não está relacionado a uma habilidade específica de domínio do sistema de escrita, mas a uma convenção criada pela sociedade letrada para organizar as letras do alfabeto. As letras são ensinadas conforme uma ordem.  Caso os alunos demonstrem dificuldade em compreender o que quer dizer “ordem alfabética”. O alfabeto (conjunto de sinais usados na escrita, chamados de letras) é organizado de acordo com uma ordem (que chamamos ordem alfabética). Para tornar a compreensão mais concreta, pode-se explorar a finalidade da ordem alfabética: organizar uma lista de nomes segundo um critério, por exemplo, como a lista de chamada (que é o caso da questão). É importante compreender que a ordem alfabética é apenas uma forma de organização das letras. A capacidade de conhecer essa ordem está atrelada a usos sociais da escrita.

Q4: Letra C.
Comentário:
A questão explora o propósito ou a finalidade do texto poético. Todos os distratores são respostas possíveis. O poema, de fato, compara, descreve um lugar, e poderia, inclusive, servir para dar notícias sobre esse lugar. No entanto, é preciso, principalmente, observar o gênero do texto. O aluno deve perceber que, normalmente, não costumam ser esses os usos sociais de um poema. Quando se quer mandar notícias para alguém, o gênero mais adequado é a carta ou o e-mail, por exemplo. Além disso, deve-se observar também a seleção lexical, ou seja, o uso das palavras (“céu”, “estrelas”, “flores”, “amores”), que normalmente estão associadas a um estado de espírito. São palavras normalmente usadas para expressar estados subjetivos ou sentimentos. Convém observar se os alunos acessam esse conhecimento para responder à questão. A capacidade de estabelecer a relação entre o gênero e a finalidade do texto é uma habilidade importante a ser desenvolvida já nos primeiros anos de escolaridade, que trará impactos importantes para a formação dos alunos como leitores e escritores.  

Q5: Letra A.
Comentário:
A questão envolve compreensão leitora. O objetivo é avaliar a capacidade de inferir o sentido de uma palavra a partir da relação entre elementos textuais e extratextuais (como conhecimento de mundo do leitor, por exemplo).  A palavra em questão, “gorjeiam”, de fato, não é uma palavra do léxico ativo dos alunos, ou seja, não é uma palavra de uso comum, do dia a dia. Aliás, convém notar que se trata de um poema escrito há muitos anos (no século XIX). No entanto, isso não impede que o leitor infira o sentido da palavra. O poema fala de sabiá (um pássaro que canta). Afirma que o sabiá canta. Depois diz que as aves “gorjeiam”. Através da relação entre “sabiá que canta” é possível inferir que “gorjeiam” significa também “cantar”. Os demais distratores, sobretudo “voam” e “nascem”, são potencialmente respostas corretas. No entanto, se o leitor acessar seu conhecimento de mundo, observará que, normalmente, não há diferenças na forma de voar das aves de um lugar para outro, muito menos na forma como nascem. As aves podem viver de forma diferente em diferentes lugares, mas a relação com cantar impede essa associação. Além disso, a própria estrutura sonora da palavra “gorjeiam” possibilita a relação com “cantar”. Esses aspectos podem ser explorados para avaliar e discutir as possíveis respostas incorretas dos alunos.

Q6: Letra C.
Comentário:
Esta questão objetiva avaliar a mesma habilidade e segue o mesmo princípio da questão 5: o sentido de uma palavra pode ser inferido a partir da relação entre elementos textuais e extratextuais (como conhecimento de mundo do leitor, por exemplo). Da mesma forma, trata-se de uma palavra pouco ou totalmente desconhecida pelos alunos (em função da época em que o texto foi escrito). Assim, o movimento para inferir o sentido de “várzeas” é o mesmo. O enunciado da questão já indica a informação chave para a resposta: trata-se de um lugar, um espaço. Todos os distratores trazem nomes de lugares, logo, todas as respostas são possíveis. Se o aluno recorrer ao seu conhecimento de mundo, observará que, dificilmente, relacionamos montanhas com flores, pois, se há flores nas montanhas, não é isso que lembramos quando falamos de montanha ou flores. Também deve-se observar que não é comum comparar as casas e os quintais pela quantidade de flores. Não é comum se dizer que a casa ou o quintal de alguém tem mais flores que a de outrem. Há também a finalidade do texto (expressar sentimento). Essa finalidade está mais associada, de fato, à margem de rio. A questão apresenta, é verdade, um certo grau de dificuldade e complexidade. No entanto, os resultados podem ajudar a conhecer melhor a natureza e o tipo de conhecimento que os alunos podem mobilizar para estabelecer inferências e compreender o texto.

Q7: Primeira coluna (a letra C representa o mesmo som de casa): coisa/cadeado; segunda coluna (a letra C representa o mesmo som de cedo): cegonha/cinza.
Comentário: Esta questão explora um aspecto da apropriação do sistema alfabético: a relação não biunívoca entre letra e som, ou seja, uma mesma letra pode ser usada para representar sons diferentes, em um mesmo contexto. No caso, a letra C, no início de sílaba e de palavra, pode representar os sons /s/ (alveolar – parte da língua toca os alvéolos, ou seja, parte posterior dos dentes) e /k/ (consoante velar – o dorso da língua toca o palato). Convém destacar que as relações não biunívocas entre letra e som constituem uma das principais dificuldades que surgem no processo de apropriação das convenções do sistema de escrita. Trata-se também de um problema para o professor quando precisa ensinar essas relações, sobretudo pela dificuldade de manipular os conceitos relativos aos sistema fonético-fonológico da língua. É muito comum se falar em letra “C” com som de “S”. Porém, convém assinalar que essa não é a forma mais apropriada de tratar a questão. Letras não têm som. As letras representam os sons. Mas não há como falar de som sem ter que usar uma forma para representá-los. Então recorre-se às letras também para falar de som. Para sabermos quando estamos falando de som e não de letra, usamos as duas barras (/ /). Quando vemos o símbolo /s/, isso quer dizer que estamos falando de um som, aquele que é produzido com a parte da língua tocando a parte posterior dos dentes, como o primeiro som da palavra “cedo” (representado pela letra C). É claro que não se pode usar esses termos com os alunos, sobretudo com as crianças, pois não faria o menor sentido para elas. No entanto, convém ajudar o aluno na hora de estabelecer as relações entre letra e som. O princípio geral da escrita alfabética é o de que cada letra representa um som. No entanto, esse princípio é relativizado em muitos casos. Daí surgem as diferentes relações letra-som, que precisam ser compreendidas no processo de aprendizagem da escrita. É importante a avaliação constante dessa habilidade para o professor perceber como anda a percepção dos alunos.

Q8: Primeira coluna (a letra G representa o mesmo som de gelado): relógio/geladeira; segunda coluna (a letra G representa o mesmo som de gula): gola/garrafa.
Comentário: Esta questão explora a relação não biunívoca entre letra e som, ou seja, uma mesma letra pode ser usada para representar sons diferentes. Só que, nesse caso, a relação é previsível pelo contexto. A letra G representa o som /j/ (uma consoante palato-alveolar – a ponta da língua toca o palato posterior), quando acompanhar as vogais E e I. A mesma letra G representa o som /g/ (uma consoante velar – o dorso da língua toca o palato posterior), quando acompanhar as vogais A, O e U. Você pode comparar os prováveis erros das questões 9 e 10 e observar onde reside as maiores dificuldades dos alunos: se com relações não biunívocas previsíveis (sons que o G representa) ou não previsíveis (sons que o C representa).

Q9: Cá, encontro, canta.
Comentário: Esta questão explora um aspecto semelhante ao da questão anterior: a relação não biunívoca entre letra e som. Nesse caso, no entanto, a identificação, por um lado é mais simples, porque o aluno precisa apenas identificar, no texto, palavras em que a letra C representa sempre o mesmo som: a consoante velar /k/. Por outro lado, a tarefa apresenta um grau de complexidade, porque, além de as palavras não estarem isoladas, o local em que a letra aparece varia: de início de sílaba e palavra para início de sílaba no interior da palavra. A habilidade avaliada é a mesma da questão anterior, mas o raciocínio analítico para a busca da resposta é outro, inclusive, mais complexo. Nesse sentido, a comparação entre os resultados pode sinalizar se a habilidade está sendo plenamente desenvolvida pelos alunos.  

Q10: Encontro (sílaba “tro”), desfrute (sílaba “fru”).
Comentário:  A questão explora outro aspecto da apropriação do sistema alfabético: a estrutura da sílaba. Nesse ciclo (4ºano), os alunos já realizaram atividades sobre diferentes estruturas silábicas: a estrutura CV (consoante + vogal), que é a estrutura mais comum; V (vogal); e CCV (consoante + consoante + vogal). Essas últimas são menos comuns, e a terceira, naturalmente, é a mais complexa. Convém destacar que o aluno precisa comparar palavras que estão dispostas na composição do texto, e não palavras isoladas. Isso dá um pouco mais de complexidade para a questão, sobretudo porque o texto apresenta palavras com estruturas silábicas semelhantes, como CVC (consoante + vogal + consoante), na palavra “permita” (sílaba “per”). É importante observar os prováveis erros e ver se estão relacionados a essas diferenças, o que pode evidenciar o nível de percepção dos alunos no que diz respeito à estrutura da sílaba.

Q11: O sabiá canta nas palmeiras.
Comentário: A questão focaliza a capacidade de produção textual, especificamente a capacidade de produção de frase simples que resume informação dada no texto. O aluno deve demonstrar capacidade de mobilizar as palavras dadas no texto e dar a elas outro arranjo sintático para compor a frase que resume a informação: o sabiá canta nas palmeiras. Você pode desconsiderar a ausência do artigo “o”. Pode desconsiderar também o plural de “palmeira” (o sabiá canta na palmeira). O mais importante é o resumo da informação no que diz respeito ao lugar onde canta o sabiá. A questão está avaliando tanto compreensão leitora como produção textual. Trata-se de uma questão que apresenta um certo grau de dificuldade já que mobiliza a integração de duas habilidades: compreender e produzir. É importante observar as prováveis dificuldades dos alunos para avaliar que habilidade oferece mais dificuldade.

Q12: A ordem correta é: 2 – 1 – 4 – 3.
Comentário: O objetivo da questão é avaliar a capacidade de o aluno estabelecer a continuidade temática do texto, fazendo uso principalmente dos elementos da cadeia referencial do texto. A instrução 1 (“Os participantes formam uma roda e um jogador inicia a brincadeira. Ao sinal de início, esse jogador começa a correr em volta da roda, devendo bater inesperadamente no ombro de um colega.) traz informações novas (“uma roda”, “um jogador”) e também a informação “inicia a brincadeira”, que sinalizam para o fato de que é a primeira informação do texto. A instrução 2 apresenta elementos de retomada da instrução 1: “o colega que foi tocado no ombro”, “este continua correndo”. A instrução 3 (em que o colega que foi alcançado deve ir para o centro da roda e ficar lá até o colega cometer o mesmo erro e trocar de lugar com ele) apresenta elementos de retomada da instrução 2. Essas retomadas constituem descrições definidas e substituições que colaboram para o estabelecimento da coerência do texto. Os resultados da questão podem sinalizar se os alunos já são capazes de estabelecer essas relações, que são exploradas nas atividades de leitura. Se, com os resultados da questão, você entender que os alunos não estão percebendo essa qualidade do texto, convém focalizá-la de forma mais direta durante as aulas de leitura.

Q13: Há várias possibilidades de resposta, desde que relacionadas à ideia central do texto: um reino habitado por letras desunidas.
Comentário: A questão envolve compreensão e análise: compreensão porque o aluno precisa identificar o assunto global do texto; análise porque precisa elaborar uma construção que abarca esse assunto. O assunto do texto envolve, pelo menos, duas questões: um reino habitado por letras e a desunião dessas letras. Não basta, por exemplo, falar de um reino onde habitavam letras. É preciso também explicitar a informação de que as letras não se uniam. Trata-se de uma questão de grande complexidade, e, por isso, pode sinalizar em que ponto o aluno está, se é possível avançar ou se é necessário retomar ou reforçar as atividades. 

Q14: Letras.
Comentário:
A questão explora as relações de coesão do texto e objetiva avaliar a capacidade do aluno de identificar uma substituição pronominal (especificamente com um pronome pessoal do caso reto: “elas”). O termo técnico normalmente usado para fazermos referências às retomadas de expressões no texto é “anáfora”, daí as expressões “elementos anafóricos” e “retomadas anafóricas”. No texto da questão, a retomada pode se dar por substituição e contribui para a continuidade temática do um texto. Trata-se de uma questão, cujos resultados podem ser comparados com os da questão 12, que apresenta um grau de complexidade e de dificuldade maior. Essa comparação serve para reforçar o que dissemos no comentário, também da questão 12, ou seja, esses resultados sozinhos e em comparação podem servir para avaliar em que ponto o aluno está, no que diz respeito a atividades que envolvem as relações de coerência e coesão do texto.

Q15: Há diferentes possibilidades de resposta, mas observar a presença de solução e estrutura narrativa.
Comentário: O objetivo da questão é verificar se o aluno produz textos de acordo com o gênero  poemas, com ou sem rimas. Além disso, a questão avalia a capacidade de produzir textos para resolver problemas. Nesse sentido, o resultado da questão pode mostrar em que nível de escrita o aluno já está. Quanto mais explícita a solução do problema estiver, maior é a indicação de que o aluno está ampliando seu domínio de estruturas da linguagem escrita. Como já pontuamos, em outras propostas de avaliação, os erros de ortografia e de outras convenções da escrita (pontuação, acentuação, por exemplo) podem ser desconsiderados, para efeito de avaliação dessa habilidade específica.

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