EIXO:
Conhecimentos linguísticos e gramaticais
UNIDADE TEMÁTICA:
Ortografia
OBJETO DE CONHECIMENTO:
Consciência grafofonêmica
INTRODUÇÃO
A ortografia tem uma longa trajetória nas suas relações com a língua. Sinteticamente, podemos ressaltar que ela já foi concebida apenas como “memória”. Já foi o critério prioritário de avaliação de um texto escrito. Já foi entendida até como sinônimo de língua. Atualmente, o ensino e a aprendizagem da ortografia caminham por outras veredas, que englobam, inclusive, as dúvidas atuais de como tratar a ortografia em sala de aula, quando a prioridade é formar alunos leitores e produtores de textos orais e escritos.
Hoje, defendemos que, dada a natureza da norma ortográfica como convecção social também, o conhecimento ortográfico é algo que a criança não pode descobrir sozinha. Em muitos casos, há regras, ou seja, princípios orientadores que nos permitem prever com segurança a grafia correta. Em outros casos, é preciso memorizar, quando a etimologia ou a tradição de uso é que determinam as grafias de certas palavras. Assim, incorporar a norma ortográfica é consequentemente um longo processo para quem se apropriou do sistema de escrita alfabética.
OBJETIVO GERAL
Refletir sobre os usos convencionados das letras c e qu nas grafias das palavras, em situações em que há regularidades contextuais.OBJETIVO ESPECÍFICO
Favorecer o desenvolvimento das seguintes habilidades do componente curricular Língua Portuguesa:
(EF02LP09) Ler, com autonomia e fluência, textos curtos, com nível de textualidade adequado, silenciosamente e, em seguida, em voz alta.
(EF02LP29) Ler e escrever palavras com correspondências regulares diretas entre letras e fonemas (f, v, t, d, p, b) e correspondências regulares contextuais (c e g, e e o em posição átona em final de palavra).
METODOLOGIA
AULAS 1 e 2
Conteúdo específico:
Reflexão sobre a escrita de palavras, tendo em vista a regularidade contextual da norma ortográfica: letras c e qu.
Gestão dos alunos:
No coletivo, alunos ouvem a leitura em voz alta do professor e conversam a respeito.
Alunos individualmente têm a versão lacunada da fábula em mãos.
Alguns alunos vão ao quadro de giz para escrever as palavras ditadas.
Recursos didáticos:
Fábula “A cigarra e as formigas. I − A formiga boa”, de Monteiro Lobato − PNBE 2012.
Nos cadernos, alunos elaboram as regras ortográficas que aprenderam.
Habilidades:
(EF02LP09); (EF02LP29).
Encaminhamento:
1. O “ditado com focalização” é um procedimento didático importante, entre outros, para propiciar a reflexão dos alunos sobre a norma ortográfica e suas propriedades. No caso, vão descobrir as regularidades contextuais das letras c e qu. Para isso, é preciso saber em que posição da palavra ou da sílaba estão essas letras (no começo, meio ou fim) e de quais letras são seguidas: A - O - U ou E - I.
2. Escolha um texto em que haja as letras que você selecionou para que os alunos reflitam sobre elas, para conhecerem mais as correspondências letra/som. Para esta Sequência Didática, selecionamos “A cigarra e as formigas”, fábula recontada por Monteiro Lobato. Atente para o fato de que Lobato fez duas versões de “formiga”: I − A formiga boa e II − A formiga má. Nesse sentido reserve duas aulas para cada versão, de tal maneira que as reflexões sobre as letras c e qu e seus usos nas palavras que constam do 1o texto possam ser referências para o trabalho com o 2o texto, que pode se tornar uma espécie de avaliação do que os alunos aprenderam com o texto anterior.
3. Antes de realizar o ditado, leia a fábula na íntegra (nas duas versões), em voz alta, sem que os alunos tenham ainda acesso ao texto. Converse com eles sobre o texto, esclarecendo dúvidas e acolhendo os comentários. Este é um momento importante por ser mais uma oportunidade de leitura com os alunos, ainda que não seja o foco de trabalho. Além disso, é mais uma maneira também de o professor ser modelo de leitor fluente para os alunos.
4. Escolha as palavras que serão usadas no “ditado com focalização”; no caso, as palavras com c e qu. Se a palavra a ser ditada já foi usada uma vez no texto, não há necessidade de repeti-la. Atente para que a seleção não recaia sobre palavras com irregulares da norma ortográfica, uma vez que elas não têm regras para serem construídas/percebidas pelos alunos, pois são a etimologia delas ou a tradição de uso que determinam suas grafias. Essa reflexão fica reservada para outro momento.
5. Combine com os alunos que o texto será trabalhado em quatro aulas, por isso, ele será assim dividido:
• 1a parte: I − A formiga boa.
• 2a parte: II − A formiga má.
6. Oriente os alunos de que vão realizar um estudo sobre as letras c e qu por meio de um ditado que podemos chamar de “ditado diferente”. Para iniciar esse ditado, entregue a versão da fábula com lacunas (versão “A formiga boa”), para que os alunos escrevam, nos espaços em branco, as palavras ditadas que contêm c e qu, em qualquer posição nas palavras.
7. Leia a fábula “I − A formiga boa”, com os alunos acompanhando com o texto lacunado em mãos, ditando as palavras para eles escreverem-nas nos espaços em branco. Aguarde um tempo para que escrevam cada palavra ditada. Tome cuidado para não artificializar a fala, como nos ditados em que a preocupação prioriza que os alunos não errem, no lugar de aprenderem.
8. A cada palavra ditada e preenchida, alguns alunos devem copiar as palavras de seus textos no quadro de giz, como escreveram no texto lacunado. Solicite que todos reflitam sobre cada contribuição, estimulando que justifiquem as razões pelas quais escreveram cada palavra. No caso de todos acertarem a palavra, seria oportuno que levantassem hipóteses de como alguém que não soubesse escrever aquela palavra poderia errar. É um bom momento para refletir com os alunos o fato de que as regras de grafia de certas palavras ajudam a dar mais segurança para quem escreve.
9. Registre no quadro de giz, no final da reflexão sobre cada letra de cada palavra ditada, a forma convencional para que os alunos comparem com suas escritas, corrigindo-as, se for o caso.
10. Proceda, se for preciso, como informante da grafia correta de palavras que não estão sendo tratadas, mas que foram trazidas pelos alunos, em suas escritas ou no caso de levantarem outras dúvidas. Mas tome cuidado, não é a hora de saber as razões das grafias dessas palavras, para que não se perca o foco da reflexão. Essa maneira de agir garante que não se desviem do que foi selecionado para o estudo na Sequência Didática. Enfatizar um aspecto dos usos das letras de cada vez contribui para os alunos aprenderem de forma mais efetiva por meio da participação e da reflexão focalizadas.
11. Finalizando o trabalho com a fábula, 1ª parte, considerando as letras estudadas, os alunos produzirão “Nossas descobertas sobre o c e o qu”, escrevendo as regras do jeito deles. Esse procedimento auxilia a reflexão sobre a norma ortográfica e sua memorização, pois cada aluno participa ativamente da elaboração da regra e não apenas a aceita já pronta, para decorar, por exemplo. A necessidade de registrar o que aprendeu é um passo importante para a aprendizagem dos alunos.
Observação 1: os quadros a seguir são sugestões, para que haja uma síntese das palavras com c e qu da 1ª versão da fábula e que podem ser usados também na 2ª versão.
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